quinta-feira, 21 de março de 2013

Poesia: Memórias baldadas de um jovem inábil: Ato I



Ato I - Como eu cheguei até aqui

Eu vi a sombra de um homem transparecer pelo cano de escape do meu carro
Enquanto eu fugia de touros endiabrados.

Touros que cuspiam sangue e bufavam como búfalos
Touros que eu comi em jantares eróticos na casa de políticos corruptos

Políticos cheirando a perfume made in Hong Kong
Políticos cheirando cocaína com máquinas de cortar grama

Eu corrompi minha filosofia por uma carreira mais profunda
Eu endureci meu corpo e fui engolido pelas línguas de um dragão chamado Marrie

No amanhecer de um dia comum eu voltei pra casa a pé
Segurando os sapatos esburacados pelos cachorros da polícia
Eu vi as sandálias de minha companheira saírem sozinhas pela porta da frente
Enquanto eu ligava minha televisão pelo canal aberto de minhas velhas veias envaidecidas

Eu dormi eufórico com o coração fora do corpo coando meu café
E limpando meu membro gozado pelas vértebras dos meus melhores amigos
Amigos que fugiram com todo o meu passado e me deixaram com um futuro incerto

Futuro incerto que todos somos vítimas enquanto homens.
Homens que sabem mais que o necessário e menos do que precisam.

boaviagem. gugagumma.

Um comentário:

  1. bacana! gostei de várias partes, mas a última estrofe resumi muita coisa!

    keep it up man!

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