terça-feira, 26 de julho de 2011

Poesia: Plantas Eróticas


Por muitos dias tenho andado cabisbaixo
Confuso, perdido meio pra baixo
Fui a um curandeiro chamado Damião
Lá em Pinhais bem fora de mão

Me ensinou a verdadeira essência da natureza
Pra que serve o que, pro amor, pra dor e pra beleza
Queria que eu provasse poção por poção
Já falei logo de antemão:

Damião, pare com esses chás
Seus rituais são mais chatos que jazz
Estou ficando cada vez mais down
Não sei se agüento mais algum round

Açafrão estimula o pecado
Fala de santo Inácio, estimulante de libido
Para a mulher que quer ter criança
Algas vermelhas, sopa erótica da cultura chinesa

Agnocasto, o arbusto dos conventos
Ofélia a erva sofrimento
Hipponames incendeia um amor violento
Beladona, das bruxas é ungüento

Damião, pare com esses chás
Seus rituais são mais chatos que jazz
Estou ficando cada vez mais down
Não sei se agüento mais algum round

Sonhos lascivos dos filtros do amor
Eucalipto, a arvore que prelúdia o calor
Barbatimão adstringente vaginal
Batel embriaguez do próprio pau

Tabaco, erva lustral e exorcista
Mamona pra matar nazi-fascistas
Brionia preta, erva de mulher de malandro
Agaricus, a carne dos deuses e santos

Damião, pare com esses chás
Seus rituais são mais chatos que jazz
Estou ficando cada vez mais down
Não sei se agüento mais algum round

Cânhamo, a planta feminina provoca o tal barato
Alecrim cura qualquer trago
Coentro regulador de menstruação
Amanita, amuleto da alucinação

Gengibre desperta o fogo interno
Urtiga queima como inferno
Erva doce sensação de leveza
Lírio, o símbolo da pureza

Damião, pare com esses chás
Seus rituais são mais chatos que jazz
Estou ficando cada vez mais down
Não sei se agüento mais algum round

E depois de tomar todas as poções
Cheguei a uma conclusão muita sádica
Por mais que busque soluções
A vida será sempre sarcástica


boaviagem. gugagumma.

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