sábado, 29 de agosto de 2009

POESIA: Falar de Mim


Acontece tanta coisa nessa estrada
Vida gostosa que machuca o joelho
Joelho cheio de metcholate
Amar a vida feito chocolate
Encontrar amores dentro da gente

Eu lá sei o que tem dentro de mim
Me sinto vazio as vezes, mas não sozinho
Junto frases em vão pra tentar me explicar
Junto os meus pedaços pelo caminho

Tu gosta de mim tanto quanto eu
Mas meus maus costumes são assim
Gosto de cambalhotas na janela
E desenhar casinhas com chaminé

Gosto de balanço, de estrelas e do sol
Não gosto de cair da arvore
Mas o joelho sempre com metcholate



Boaviagem. Gugagumma

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CRÔNICA: Medo de Ser Feliz



Entrei no ônibus.
Feliz estava, tudo dando certo. Poltrona 25, janela, lado esquerdo do corredor, a mesma da ida. Vinte e cinco é um numero bonito; ¼ de 100. Longe do banheiro. Gosto da matemática. Sentei-me, ninguém do lado, porem, ao lado direito do corredor, poltrona 23 e 24 (acho), estava uma moça com duas crianças: uma menina de uns 4 anos e um menino de colo. Sorri para ele, a moça sorriu para mim.
Que sorriso fantástico!!! Ela deveria ter uns 21 anos no máximo, e já dois filhos. Que sorriso fantástico!!! Não pude evitar, sorri também, ela continuou sorrindo. Me apaixonei, disfarcei. Me acomodei, coloquei os fones para descontrair, mas as vezes olhava, ela olhava também e sorria, eu sorria.
Ela era doce, sorriso doce, um jeito meigo, um jeito alegre de levar a vida. Com duas crianças no colo e um sorriso constante no rosto! E assim foi a viagem: silencio, troca de olhares, sorrisos pra lá, sorrisos pra cá. Paixão.
Três horas depois de puro êxtase por aquele sorriso, eu deveria tomar alguma atitude: um gesto, uma conversa, uma poesia. Já sei!! Um bilhete! Claro! Ela saberia o que eu estava sentindo, nunca mais a veria de novo, mas ela saberia que seu sorriso era hipnotizante!
Peguei meu bloco de notas e escrevi ”Que coisa boa virar pro lado e ver-te sorrindo! Um sorriso gostoso e verdadeiro que me envolveu!! Valeu a Viagem. G.”
Eu a entregaria na saída, quando estivesse indo embora, talvez ela se emocionasse, talvez se apaixonasse, talvez corre-se atrás de mim, talvez não soubesse ler, talvez rasgasse, talvez escondesse, talvez chorasse, talvez um deboche.
O ônibus estava chegando, e a troca de sorrisos continuava. Já estava ensaiado: eu levantaria, entregaria o bilhete, daria tchau e pronto!
O ônibus chegou, respirei fundo! Levantei devagar, pensei, pensei, pensei de mais, odeio pensar. Olhei pra ela, sorri e disse: “Tchau”.
O bilhete nunca foi entregue e por enquanto nunca será.
A vida é assim, um sorrido fascinante, uma paixão de ônibus, um bilhete não entregue, o medo de ser feliz.



Boaviagem. Gugagumma

POESIA: Voz, Vinho e Violão


Lúdicas coisas que irradiam num jardim
Repleto de luzes a noite vagalumes
Sempre será

Num sonho longínquo, doces palavras.
De versos dadaístas, com parcimônia
Silêncio
Sempre será

Luz que aquece a emoção
Evaporiza teus fluídos
De versos perdidos
Música
Sempre será

Definição, amizade, mar
Voz, vinho e violão
Poesia
Sempre será


Boaviagem. Gugagumma

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

POESIA: Reflexão


Depois de tanto tempo
Refletindo sobre a vida
Chego a uma conclusão profunda
Talvez nem limpa, nem tão imunda

Que a vida feito uma escada
Tem as vezes degraus altos
E tem as vezes passos falsos
E que em alguns vou escorregar

Todos tentam subir no alto
E quando chegam a lugar nenhum
Conquistaram tantas coisas
Mas não sabiam o que procurar

Onde eu estive todo tempo
Onde fui parar com meus pensamentos
Pensando de mais aonde
Que a gente vai chegar
Se penando de mais percebemos
Que não estamos em nenhum lugar

Nada é tão fácil
Quanto parece, nem tão difícil
Quanto a explicação
Do manual ou da televisão

Tudo que é bom na vida
É ilegal, imoral
Ou engorda ou até quem sabe
Pode até te fazer mal

Quem mais nos faz sofre na vida
não quem a gente odeia,
nem pessoas inimigas
mas sim quem a gente ama

Toalha nova nunca seca
Panela velha é como vinho
E cerveja em copo de plástico
É como sexo com camisinha

As mais belas pessoas no shopping
E as mais queridas estão no mar
Enquanto a gente esta aqui
Fazendo musica pra ninguém ouvir

E quando eu achei q tinha todas as respostas
Veio a vida e mudou todas minhas perguntas


Boaviagem. Gugagumma
foto por Gugagumma

POESIA: Dois Anos de um Namoro Inacabado


Hoje 25 de agosto
Dois anos atrás nos amamos
Um ano atrás brigamos, mas comemoramos
Hoje não nos falamos mais
Que tolos fomos, que pequenos fomos

Papos estranhos e jeitos sem coordenação
Hoje vejo que somos dois normais estranhos
Em busca de objetivos de independência
Tentando ser o melhor pra provar pras noticias
Que nascemos pra vencer e que somos únicos

As feridas levam tempos pra cicatrizar
Que se acelera com brigas e estupidez como álcool puro
Nossa ausência nos amanhecer dos dias
Labirinta quando pensamos na vida
Somos os mesmos, só estamos mais bonitos
Mais velhos e maduros,
Continuo sem saber dançar e você sem parar de fumar

Dois anos depois aprendemos que
Olhar a lua, não importa quão linda está
Importa quem lhe passa o braço no ombro
Boaviagem. Gugagumma

POESIA: Pensar é Regredir


Na peça não se pensa
Se vê, se assiste, se vive
Se sente, se fala, se chora

Quem pensa não pede
Não passa, não pode
Na peça a gente pede
A gente pode a gente beija

Quem vive não pede
Não pensa, não pára
Quem pensa não pode
Não vive, não fala

E assim traçamos nossos futuros
Em pensamentos que não cheram
Não choram, não chiam
Só pensam e escrevem poesia

Boaviagem. Gugagumma

CRÔNICA: Coca no Restaurante

No restaurante tentei amenizar os carboidratos e exagerar nas saladas, como é de praxe. É que voltei a correr e estou comendo de mais e engordei à emagrecer. Sentei num canto, não exatamente onde queria, era horário de pico. Não tirei os óculos escuros, estava de ressaca, ontem me desvirtuei um pouco.
Comecei a comer, não queria beber, embora sempre bebo. Gosto de molhar a boca enquanto como; ajuda a descer. Mas hoje já tinha tomado um mate antes de chegar.
A garçonete passava pra lá e pra cá. Eu, não a observava diretamente, mas sabia que logo viria falar comigo, ainda não tinha me decidido.
Minutos depois, chegando no final do prato, me deu sede!! Agora queria beber, mas antes de terminar o almoço. Passei a observar a garçonete diretamente, embora talvez ela não me visse por eu estar de óculos escuros (quantas vezes me senti invisível de óculos). Ela ia em todas as mesas da volta, recolhia pratos, pedia se os cliente queriam beber algo, mas eu? Nada!! Comecei a me irritar, pensei em algumas barbaridades pra lhe falar, mas claro; nunca falaria, não sou de fazer isso. Talvez seja de pensar. Ela era feia, antipática e incompetente.
Tirei os óculos.
Dois minutos depois ela se aproximou de mim, e de sua boca saiu uma voz bela e suave: “Querido, o que vais querer pra beber?”. Ela era tão querida, tão bela, tão competente, que tudo mudou!
Sai na rua bebendo um copo de plástico com gelo, limão e Coca. Bebi, e joguei o copo em uma entulhadeira de obras. Estranhamente o copo caiu ao lado de uma latinha de Coca e não há quem duvide no mundo que foi a mesma pessoa que jogou os dois.


Boaviagem. Gugagumma