Dias estranhos são aqueles em que eu não penso em sexo
Talvez por sentir o fantasma da morte sentado ao meu lado
Caçoando dos meus planos de viver até os cem
Eu olho rápido de relance, e ele já não está mais ali
Dias estranhos são aqueles em que me acordo disposto
Pelo menos o suficiente para mudar as coisas
E faço algo mais útil que lavar a louça
Isso se não tiver sabonete em barra, para evitar o
ressecamento das mãos
Dias estranhos são aqueles em que o silêncio não me incomoda
Talvez por me sentir a vontade em minha própria companhia
Sujeito chato e metido, desempregado e fudido
Certo que não faço parte da linha evolutiva
Nunca estudei Freud, nem Jung, nem Yin yang
Mas confesso: sou especialista em psicanálise
Já pensei em tudo
Mas continuo aqui, vinte e quatro horas do dia tirando
meleca do nariz.
boaviagem. gugagumma.