quinta-feira, 17 de junho de 2010

DICA DA SEMANA: Curumin - Japan Pop Show



A dica da semana de hoje é muito especial!
Curumim lançou esse álbum em 2008, mas só agora consegui ouvi-lo. Confesso que é uma overdose musical: de ritmos africanos ao funk carioca, ele se define como samba. Lestras e melodias gostosas de ouvir, alem da participação do skater Tommy Guerrero, a rapaziada do Blackalicious e Lateef The Truth Speaker, passando por B-Negão, Lucas Santana.
Em seu novo show o multi instrumentista, trocou o cavaco pela bateria.
O jeito é escutar pra saber...

Segue a baixo também a entrevista dele cedida pela globo.com

G1 - Por que você escolheu “Salto no vácuo com joelhada”, uma música instrumental e com uma cara diferente de tudo o que costuma fazer, para abrir o álbum?
Curumin - Fiz essa opção porque ela começa calminha, na boa, e vai te envolvendo até chegar num beat pesado, impactante. Meio que diz "aê, cumpadres, cheguei!". E acho que, por ter uma cara diferente, dá uma instigada na curiosidade, deixa as pessoas querendo saber o que é que vem depois disso.

G1 - Em seus shows mais recentes, você preferiu tocar bateria em detrimento do cavaquinho ou de outro instrumento. É um novo direcionamento para as apresentações ao vivo?
Curumin - Sim. Em alguns shows do "Achados e perdidos" o baterista oficial não pôde ir e eu fiz o show inteiro tocando bateria. Aí num teve jeito. Foi como reatar o namoro, sabe? Voltou a paixão. Mas é como me sinto mais à vontade, me sinto mais útil musicalmente. E é o instrumento que eu mais estudei também. Faz uns 20 anos que eu toco. Além disso, dali da bateria eu fico com as dinâmicas mais na mão, dá pra conduzir o som e parece que eu consigo cantar melhor, porque a interpretação fica ligada com o que eu estou tocando.

G1 - Por falar em direcionamento, em "Japan Pop Show" você expande as sonoridades que já vinha trabalhando antes. "Magrela fever", por exemplo, começa com uma espécie de riff de metal. Você sentiu uma necessidade de mudar ou foi algo natural?
Curumin
- Acho que as mudanças foram bem naturais. Afinal, faz cinco anos que eu lancei o "Achados...", e esse tempo foi o bastante pras mudanças desse disco. Ao mesmo tempo, acho que tem uma raiz do trabalho que continua a mesma, que é a brincadeira com os ritmos. As referências continuam ligadas aos ritmos afro-americanos, como samba, reggae, funk, soul, rap, baião, dancehall, etc.

Outro dia estava conversando com um amigo sobre esses gêneros musicais e como fica cada dia mais difícil defini-los e chegamos a uma conclusão: o que eu faço é samba. No primeiro e nesse disco: samba. Claro que não é o samba tradicional, mas também não entendo o samba só como uma coisa tradicional e estática. O samba evoluiu e se misturou com outras coisas, mas tem ainda a essência do samba (aliás, ele também veio de uma mistura, com referências africanas e européias). Parece meio absurdo, mas quem for num show vai entender. A gente está fazendo samba.

Agora, um adendo sobre o riff de metal: preciso confessar, eu era metaleiro quando criança, fã de Iron Maiden. Vai ver que foi isso...

G1 - "Kyoto", "Mal estar card" e "Caixa preta" têm uma pegada crítica. As músicas surgiram da vontade de fazer algo nesse sentido ou foi “coincidência”?
Curumin -
Esses últimos anos foram intensos. Mensalão, ecologia, guerra no Iraque, EUA se quebrando, China, avião caindo, Corinthians na segunda divisão, criançada morrendo de forma estranha, corrupção, América sul esquerdista, Europa direitista, e por aí vai. Teve bastante assunto pra se falar.

Os caras do Blackalicious me convidaram pra fazer um riddim (cantar uma outra música em cima de uma base do disco). Fiquei pensando "putz, vou dar uma espetada nos gringos", e falei sobre o protocolo de Kyoto, porque os EUA eram um dos poucos que não aceitavam assinar na época. Mas daí a gente fez uma outra base, começou a tocar nos shows e o tema foi ficando cada vez mais atual. Já “Caixa preta” eu fiz inspirado na queda do avião da TAM e essa impressão de que a gente nunca fica sabendo o que de fato acontece e sim o que os outros querem que a gente saiba. “Mal estar” é pra Daslu.

G1 – Como surgiu “Sambito”, cantada em japonês?
Curumin -
É mais uma brincadeira. Mas em japonês caiu tão bem que deu outro sentido pra letra. E nesse outro sentido, pra mim parece que Sambito é um personagem, tipo um tamagochi ou um picachú e eu fico falando como ele é legal. O refrão traduzido é assim: “Sambito, Sambito, meu único amigo, meu único amigo”.

G1 - Como foi o processo de gravação de “Japan pop show”?
Curumin -
Nesse disco tem bastante programação. Gravei mais violão, bateria e uns teclados. O Lucas [Martins] gravou mais os baixos e alguns teclados também. Além disso, chamamos outros músicos que admiramos pra tocar, como o Ganjaman, o Tejo, o Catatau, o Loco Sosa, o Tommy Guerrero, o RV Salters (aka General Elektricks), BNegão, Lucas Santana e o Flu. Procuramos ser bastante econômicos na quantidade de overdubs; então gravamos poucas coisas, tudo muito dosado. Mas fomos muito cuidadosos com a captação, o tipo de instrumento, o tipo de microfone, a sonoridade do disco.

G1 - É possível citar elementos que te inspiraram?
Curumin -
Eu acho que é um disco em que eu olho pro passado. Vem daí o nome “Japan pop show”, uma referência à minha infância, às sensações e experiências daquela época. Nessa fase de produção do disco, eu fui percebendo que, talvez, uns 80% do que eu escutava eram sons de 60/70/80. Filme, arte, cultura em geral, eu procurava coisas mais antigas. Comecei a pirar nessa coisa de tradição, de como eram gravados os discos antigamente, de como era inspirada a cultura dessas épocas.

Tem até uma música, chamada “Compacto”, em que eu falo um pouco do prazer de se ouvir um bom e velho vinil, mas que fala também desse nosso momento de criação cultural, ou pelo menos de uma das vertentes, em que é preciso pesquisar o passado, descobrir as coisas que ficaram escondidas, redescobrir antigos movimentos, passar a limpo essa história cultural e trazê-la pro presente.




pra baixar o album: http://www.mediafire.com/?ngdmo0tomwy

boaviagem. gugagumma

2 comentários:

  1. Ainda não cansei de escutar esse disco, com certeza um dos melhores "nacionais" dos últimos anos. Acrescento a influência de Jorge Ben em pelo menos duas ou três faixas. Dukralho!

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  2. percebeu as passagens de Jards marcalé??
    tem grande influencias aí...até mesmo funk carioca!!

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